Ontem eu pressenti o silêncio,
o jeito que ela dizia sem falar,
“te aviso”, e eu soube que era o caminho
que eu deveria seguir.
A entrevista cancelada, remarcada,
uma volta à noite depois do sono das crianças,
cada passo, cada gesto,
um abraço que parecia pedir desculpas,
um carinho que falava sem palavras.
Conforme caminhávamos,
o tempo juntos parecia diminuir a cada passo,
mas, ao mesmo tempo, eu estava feliz
por estar ali, com ela, naquele instante.
Ela contava suas histórias,
falava da vida, do que pensava,
e enfim disse: “tomei uma decisão”.
Eu tentei outros caminhos,
mas ela já havia escolhido
a solidão que acredita ser melhor.
E mesmo na dor, havia carinho,
abraços apertados, sorrisos tristes,
as lembranças, o cheiro dela,
o abraço dizendo “te amo”,
o último gesto que parecia despedida.
Ela disse: “Se for para ser sua,
a gente se encontra lá na frente”.
Mas o lá na frente é incerto,
e eu só posso guardar
o tempo que tivemos juntos
como quem segura um instante
que não quer deixar escapar.
No fundo, fico feliz por ter existido,
por cada instante que encaixou,
e agora, resta esperar,
guardar a saudade e a certeza
de que fomos mais que nós mesmos.
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